Pedaços de Paixão_ Bilhetes

James examinou o papel cuidadosamente dobrado com curiosidade. Era branco, grosso, papel bom de carta. Não se usavam mais daqueles. Deveria pertencer a algum colecionador, mas não soube dizer por que estava bem no meio do seu livro de matemática. Ele não era um colecionador. Bagunçou os cabelos desleixadamente, resolvendo desdobrar o bilhete. Queria descobrir logo do que se tratava aquilo.

Longe de mim fazer uma brincadeira.
Gosto de você seriamente.

- Wow – O maroto exclamou, os olhos cheios de curiosidade. De todas as garotas que já haviam tentando se aproximar dele, aquela fora a que mais havia se superado. Um bilhete! E bem no meio das suas coisas. Quem conseguiria uma peripécia como aquela? – Interessante – murmurou, com um sorriso.
O fato foi que final das aulas se foi, e o bilhete no bolso do jeans que usava foi esquecido. James Potter era um dos garotos mais populares da escola, por que diabos um bilhete iria o fazer se interessar tanto? Besteira. Além do mais, certa ruiva povoava seu pensamento com mais freqüência. Não estava interessado em outra garota. Lily Evans era a única. James sorriu, ao avistar a garota sentada em um dos bancos do pátio, costumeiramente o esperando para irem para casa juntos. Era rotina, todos os dias.
Lils – ele abriu um sorriso maior, apreciando os olhos sensacionalmente verdes da garota. Ela era mesmo linda. – Vamos?
- Sim senhor – Lily se pôs de pé num instante. Sorriu e, puxando um assunto qualquer, iniciou seu trajeto diário com James Potter.
A amizade dos dois era antiga, desde a 2ª série. Vizinhos, amigos. Festas de aniversário, dia de Ação de Graças, noites de fogueira, histórias de terror no quintal amplo e grande dos Potter. Foram tantas as vezes que compartilharam momentos… James se sentia a vontade para falar qualquer coisa para Lily, e a ruiva, por sua vez, não se sentia insegura de conversar com o rapaz. Eram amigos. Eram confidentes. Gostavam-se. E muito. E por isso, entre tantos assuntos que conversaram, foi que surgiu o do bilhete. James contou rapidamente o que havia acontecido, desprovido de qualquer grande emoção. Ora, era só um bilhete.
Mas Lily não. Ela queria saber detalhes.
- Você desconfia quem é a autora do bilhete?
- Não tenho a menor idéia – James confessou, bagunçando os cabelos despreocupadamente.
Lily riu. James a achou mais bonita ainda daquele jeito. Resolveu ir na onda da ruiva.
- Você sabe quem fez a declaração?
- Sei.
- Quem é?
Lily girou os olhos, impaciente.
- Não posso dizer. Vê se descobre, ué.
- Por que ela não fala pessoalmente?
- Porque não quer… ou falta jeito… timidez… deve ser isso.
James suspirou.
- Brincadeira… isso não existe, Lils. Falta de jeito? Isso é muito piegas.
- O que tem isso a ver com amor?
- Quem falou em amor?
Lily não respondeu. Limitou-se a murmurar um monossílabo incompreensível.
Seguiram juntos, o silêncio estranho no ar por alguns instantes. James foi quem puxou assunto. Era fácil. Entre uma palavra e outra, falavam de coisas da vida. Das matérias de que menos gostavam, das poesias que ainda não tinham lido, dos passeios que fariam, das músicas favoritas – as novas, as velhas.
Dez dias depois, James encontrou outro bilhete, parecido ao primeiro, dentro de um de seus livros. Uma reação imediata o levou a olhar para Lily. Ela baixou os olhos zombeteiramente e fingiu continuar alguma coisa que não estava fazendo. James franziu o cenho e abriu o papel dobrado. Ali encontrou, de novo, a primeira letra em negrito. O resto era digitado. Ele leu:

Isto até poderia ser uma brincadeira.
Mas não é.
Gosto de você, de verdade.

Na primeira oportunidade que teve, tocou no assunto com Lily.
- Avise a admiradora secreta que não recebo mais bilhetes.
- Malvado…
- Nem um pouco. – James deu uma piscadela.
Ambos riram, cúmplices da mesma alegria, assinantes da mesma brincadeira.
- Lils…
- Fala.
- Você fica linda quando ri. – Os olhos castanhos esverdeados eram realmente sinceros.
- Ih – Lily girou os olhos – Já vi esse filme.
- Verdade? – James abriu seu costumeiro sorriso.
- Sou amiga da sua fã misteriosa. Se ela fica sabendo do seu galanteio barato… - a ruiva abriu um sorrisinho de lado.
E voltaram a conversar, falando de novo sobre as mais diversas coisas. Os filmes que não viram, como os programas de TV eram chatos dia de Domingo, dos poucos casamentos que realmente tem o elemento X – amor, de ventos, de formas de nuvens, das comidas favoritas, de fumaça de cigarro. Diferentes demais, mas ao mesmo tempo tão iguais. Gostosamente ligados por um sentimento que começava nas mãos dadas e acabava em algum incógnito fio de cabelo. Do fio de cabelo, fortalecido, espamarrando-se pelo corpo todo.
E assim prosseguiu por mais algum tempo, até o terceiro bilhete. O mesmo bilhete, a mesma dobra, a mesma portadora eficiente. Lily entregou-lhe o pedaço de papel como quem se despede de alguém querido.
- Desculpa, Jay. Ela pediu que entregasse. Eu não podia dizer não.
James suspirou, e leu:

Livre como o ar,
Já não posso controlar.
Gosto de você e não dá mais
Pra esconder isso.

- Isso não tem sentido, Lily.
- Ela existe, James. Ela existe entre nós dois.
- Não para mim.
- Mas é muito grande para mim. Acho que mais forte.
- Bobagem, Lils. É você que eu quero – ele exclamou, a voz segura do que dizia.
- Assim não dá – De repente Lily cruzou os braços, desviando o olhar – Preciso de tempo.
James aquiesceu.
- Pouco.
Lily virou as costas e afastou-se. James sentou-se no banco de pedra, conversou com um ou outro colega que puxava conversa, mas não por muito tempo. Na cabeça, ele tentava descobrir quem era a tal admiradora. Não queria perder Lily. Não agora. Não agora que havia descoberto gostar tanto da garota. Aborrecido, ele abriu um dos livros que a própria havia o emprestado para fazer um trabalho da escola. Suspirou, tentando absorver a leitura na esperança de ocupar a mente, e abriu na página onde havia parado. Para sua surpresa, lá estava outro bilhete. O mesmo papel dobrado cuidadosamente. Irritado, resolveu ler.

Sinceramente não
Posso mais segurar.
Gosto de você e está decidido.

Não que ele estivesse gostando da admiradora, mas notou que ela não havia desistido. Mesmo que sua reação aos bilhetes não fosse assim tão boa. Era uma decisão difícil: O que fazer? Lily, concreta, sempre estivera ali. A admiradora, oculta, misteriosa, mas de alguma forma estranha, corajosa o suficiente para lutar por ele mesmo nas sombras.
Sua mente divagou em dúvidas. Resolveu, por fim, que iria reunir os bilhetes e rasgá-los. Os colocou por ordem sob a capa dura do livro. O primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto. Uma fotografia de alguém invisível que ia ser rasgada. Ficou olhando os bilhetes, porém, antes de fazê-lo. Tinham um padrão. A letra do início era sempre em negrito. James tentou desvendar o mistério.
L… I… L… S… Wow! – nem ele mesmo acreditava – É isso: Lils! Como fui estúpido – resmungou, levantando-se com pressa do banco. Parou, porém, tentando acalmar-se.
Não podia meter os pés pelas mãos agora. Calma. Decidiu procurar Lily quando já estava ciente do que queria fazer e falar. A encontrou sentada em dos bancos de pedra.
- Lily, só uma palavra.
- Pedi um tempo, Jay.
- Só uma palavra, prometo.
Lily suspirou.
- Está bem.
- Descobri que estou apaixonado pela autora dos bilhetes.
Os olhos verdes se arregalaram.
- Como?
- Isso mesmo que você ouviu. Estou apaixonado por ela.
Na mesma hora tirou dos bolsos os bilhetes e mostrou a montagem com as letras iniciais dos bilhetes.
- Estou apaixonado por ela, Lils.
Lily ficou semelhante a um pimentão, quieta, pega em sua própria armadilha. James insistiu. Abaixou-se, e ergueu o queixo da garota com o dedo indicador.
- Você pode dizer a ela, Lily, que estou apaixonado por ela?
- Posso…
- Agora, Lils?
Lily sorriu timidamente.
- Agora, James.
No final do dia alguém recolheu o material escolar dos dois, que não haviam retornado às aulas.
Em algum lugar da cidade, um bilhete estava, certamente, sendo escrito.

O primeiro beijo.

    A luz do aquário deixava o cabelo de Bete com um colorido esverdeado. O rosto também esverdeado. Uma Bete marciana. Engraçado que ela parecia alta por causa do cabelão todo. E não era, era baixinha, assim um palmo a menos que ele. EAlex estava bem perto dela, tão perto que sentiu o perfume de Bete, um daqueles perfumes ou potinhos esquisitos que ela sempre estava tirando da bolsa e passando e cheirando e olhando.
    Alexandre deu a volta no aquário, foi apontando os peixes através do outro lado do vidro: 
    - Este eu sei o nome. É o espada. Este também é espada.
    - Espada preto ou vermelho?
    - Os dois. Só muda a cor, mas o nome é o mesmo.
    Apontou o outro.
    - Este aqui, no fundo. Está vendo? É o paulistinha. Tem listra preta, igual na bandeira.
    Os peixinhos ficaram nadando entre o rosto de Alex e os olhos de Bete. Os olhos deles acabaram seguindo o mesmo peixe e se encontraram. O silêncio era tão forte; gozado ele reparar que o silêncio podia mais do que conversar com ela.
    Apontou o cascudo.
    - Esse aí é o faxineiro do aquário. Ele limpa o vidro, come a sujeira.
    - Deixa eu ver.
     Bete deu a volta no aquário, também se ajoelhou, na mesma altura que ele. O cabelão da menina raspou o rosto de Alex e ele achou que parecia mesmo orelha de pequinês. De cachorro peludo.
    Alexandre continuou apontando o peixe.
    - Você rói unha! - Bete reparou no seu dedo mastigado e quase sem unha . Sorriu.
    - E daí? - Alex escondeu a mão.
    Ficaram de pé.
    - Daí que você não acha feio?
    - Sei lá. - ele tentou esconder a mão no bolso que não existia.
    - Comer unha deixa barriga estufada.
    - Que burrice! Eu não como unha. Eu só fico roendo e depois cuspo fora. Você é tonta mesmo!
    E ele se afastou. Foi se jogar no sofá, enfiou as mãos debaixo da almofada, com a irritação esquisita que sempre sentia diante dela.
    - Eu ainda copio a matéria pra você e você me xinga.

    - Eu não xinguei. 
    - Claro que xingou - ela sentou no mesmo sofá. Alex se afastou pra outra ponta. 
    - Também, cada coisa boba, "comer unha estufa barriga"... - imitou a menina, como se ela fizesse cara de debiloide pra dizer isso. 
    - Roer unha é nojento, sim. Ouviu? - e imitou um Alex que não existia, entortando a boca. 
    - Ficar nhoc, nhoc, nhoc e cuspir a beiradinha.... tem mais um cotoco, aqui. E rói, de novo!
    Era engraçado, mas Alex não achou graça.
    - Nojenta é a caspa que você joga na minha carteira! Parece um macaco, de tanto cabelo!
    Ela abriu a boca pra responder. E continuou de boca  aberta. Fechou. Um silêncio forte. E sem que Alex esperasse, Bete se jogou pra cima dele, no sofá, como se fosse encher de tapa e bater e brigar. 
    Alex segurou seu braço; quase que num primeiro instante deu mesmo foi uma porrada na menina, mas o "é uma menina" ainda passou em sua cabeça. Ela estava com raiva, fazia força pra soltar as mãos. O cabelo havia entrado em sua boca, então ficava gozado, porque ela falava e tentava tirar o cabelo da boca.
    - Grosso, mal-educado, bobo, tonto...
    Tantas palavras, tantas. O rosto tão próximo de Bete, ou foi se lembrando da enquete, de fugir de casa, ou foi, sei lá tudo junto? Pareceu pro Alex que o único jeito de fazer Bete ficar quieta era aquele. E enquanto ela falava, xingava, seus rostos ficavam cada vez mais perto um do outro; enquanto ela ainda tentava soltar as mãos, Alexandre aproximou, decidido, os seus lábios dos dela e deu o beijo. 
    Um beijo rápido, de lábios que se encostaram junto com cabelo e saliva. Por um instante Alex fechou os olhos, talvez Bete também tenha fechado os seus. Nenhum dos dois entendia bem o que havia acontecido, deu foi uma moleza, calor. 
    Alex soltou os braços da menina, que puxou devagar as mãos. As maçãs do rosto de Bete, muito vermelhas. Ela passou a língua pelos lábios, talvez para ter certeza do que havia acontecido. Ou não havia acontecido?... E então saiu correndo. 
  

                                                  Marcia Kuptas, O primeiro beijo. 

Meu anjo em forma de gente.

    Sou a pessoa mais complicada do mundo pra demostrar tudo que sente. Qualquer um sabe que palavra perfeita pra me descrever é complicada. Que posso fazer se é assim que sou, e você assim como alguns sabe me entender e cuida de mim. Amiga que mesmo na distância me dá broncas, brinca comigo, ora e tá sempre junto, sempre querendo meu bem... Muito mais que irmã chega até ser um pouco mãe rs.
    Tenho em mim que Papai do céu mando que você estivesse sempre de olho em mim evitando que eu cometesse certas burradas, mas fazer o que se sou teimosa. E mesmo assim tá sempre ali pra consolar, mesmo que tenha falado milhões de vezes pra eu seguir caminho diferente. 
    Amiga, sou complicada pra demostrar mais tenha certeza de que no fundo sei te amar. Sou assim mesmo... uns dizem " Essa menina não tem jeito! " mas você tá sempre ali dizendo que tenho sim. Te amo Mimi s2 

                                                            Miriam, às vezes você ultrapassa o posto de amiga e acaba sendo uma mãe rs. Obrigada por orar por mim, por cuidar... Obrigada por tudo! 

Vou te esperar... to preferindo a distância e se algo tiver que realmente acontecer vai com certeza ultrapassar toda essa distância e orgulho.

    Não sei... mas acho que devo esperar, sinto que tudo vai voltar a ser como antes que essa distância vai deixar de existir entre nós. Tudo vai voltar a ser como antes mas sem essa distância que de fato machucou no passado e que espero no futuro não existir para que não haja feridas.
 
    Sinto que no fundo fomos feito um para o outro, pode não ser em questão de relacionamento amoroso, mas amizade... mas to preferindo a distância e se algo tiver que realmente acontecer vai com certeza ultrapassar toda essa distância e orgulho.
    Parece coisa de outro mundo, mas pode ter certeza que irei esperar e quando eu perceber que não há mais chances, nem sequer 0,1% aí desistirei. Mas com a certeza de que te aguardei até que percebi que não é que você não vale a pena, mas que não a mais chances . 

Carlos Drummond de Andrade _Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
– mistério profundo –
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Luís de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

Diálogo *-*

Ele: Como está?
Ela: Indo.
Ele: Aonde? (risos)
Ela: Aonde o tempo me levar.
Ele: O meu uso da ironia te irritou?
Ela: Não sei, talvez.
Ele: Eu posso começar de novo?
Ela: Sinta-se a vontade
Ele: Como está?
Ela: Indo.
Ele: Então muda a direção e vem comigo.♥

Uma vida com propósito

Propósitos dão sentido a vida...  Imagine viver toda uma vida sem saber o porque ou o que fazer. Assim é uma vida sem propósito... Você sabe...